quarta-feira, 4 de maio de 2011

Devaneio amoroso II

Começar um texto assim: "coisas da vida", mal sinal.Indício de que vem algo enfadonho e cansativo e devo dizer que é.Não continue,caso seja avesso a longos discursos amorosos de quem não sabe perder, nem se desapegar.

A vida não é fácil nunca,talvez para aqueles com renda ilimitada e hipocrisia de sobra pra bradar que sofrem demais. Viver nunca é fácil mas com ela era mais gostoso.
Passado o tempo inicial de conhecer e criar intimidade pulo para os tempos amenos de namoro em casa, tardes no sofá,beijos, cinemas e canções, muitas canções.
Todos os casais tem suas músicas, eu fiz questão de me apropriar de todas e fiz de todos os acordes de meus ídolos um hino aos dias em que brigamos e transamos, as conversas bobas, e também as vezes que me despi do papel de namorado pra encenar papel de pai.
Quis cuidar dela cada momento,e durante os dias  em que pude dividir o sonho ingênuo do amor eterno adormecia sempre tendo como último pensamento o desejo de estar sempre e sempre ao seu lado, e sabia eu que seria (sem exagero nenhum) ser capaz de matar e morrer por isso.
Versos? Fiz aos montes, alguns de qualidade duvidosa, outros até singelos; guardei.Não tinha noção do que seria esse tal sentimento de que tratam todas as músicas, quantas vezes chamei de amor apenas desejo; mas com aquela menina descobri o desespero, a dor, a  alegria em estado extremo, e tive medo em alguns instantes, pois o que é amor se não a soma de tudo que é bom e ruim? A soma do bem querer e do ciúme, da confiança e da cisma, o que é o amor se não algo que tentamos explicar em delírios poéticos vãos?

Com ela não tive medo de ser piegas, essencialmente cafona, se era para amar inconscientemente  me apropriei de tudo que era brega no amor e foi gostoso dizer 'amor" ao telefone, e ao final de discussões.
Tive a certeza de que a mania que eu tinha de  absorver as dores do mundo estava sendo tratada por essa garota branca, alvinha demais,cheinha, mas com curvas que chamavam atenção de qualquer homem (quanto ciúme), olhos castanhos que as vezes pareciam mais claros, dentes retos e bonitos,meiga, explosiva, carente, sem rumo,decidida quanto ao fato de me jogar as verdades na cara, como se imola um animal de surpresa.

Sofri como nunca, e jamais pude odiá-la. A humilhação nunca foi demais, não imaginei as coisas capazes de suportar pra ficar perto dela. Um dom ela tinha: me fazer chorar; um homem que jamais derramara lágrimas por mulher nenhuma tinha caído na armadilha, orgulho e desejar nunca mias rimaram na mesma frase, ela foi tudo que eu quis, e quis matar por isso.
Sonâmbulo,traído, só, em muitos instantes duvidei se era amor, o que me colocava no prumo e me convencia de que essa paixão não era só mais uma doença era minha incapacidade de fazer mal essa mulher . E quantas vezes não entendi os suicidas e homicidas e não apenas compreendias nesses momentos que ela era a causa do meu mal, mas também a cura.
Nunca quis mudar, mas nunca tive escolha, se afastar era coisa sua, decisão da qual você voltava atrás nas suas dores, e se consolava no meu peito.
Algum psicólogo idiota explicaria a paixão como uma visão distorcida de nós mesmos e da pessoa amada, eu digo: foda-se. Me livrei de toda lógica há um tempo atrás, pois por mais feridas que me causou esse sentimento, tudo que eu queria era estar ali,vendo ela crescer, conseguir as coisas sobre o qual falamos tanto que ela conseguiria.
Tenho uma extrema incompetência em esquecer, tudo acumula aqui dentro,somente a raiva explode mas não alivia esse peso de imaginar que dessa vez foi pra valer, que sou apenas uma pessoa comum que perdeu pra sempre aquilo que mais desejou, e não sou o super herói que um  dia imaginei ser,meu cavalo branco nunca existiu e como tudo nessa estrada que sigo, desmoronou como um castelo de areia construído por pedaços de uma imaginação fértil e sobras de uma esperança feita de lugar comum e pouca ambição.
Hoje eu acordei muito cedo, senti um aperto no peito, e soube o porque mas não quis pensar, não falei pra ninguém.Adquiri a mania de afirmar estar apenas cansado quando me perguntam se estou triste.
Estou esperando passar...e sua felicidade me dói devo dizer, e ao mesmo tempo te quero bem mas não há como mentir, não vale ser feliz tão longe, e eu aqui brincando de casa vazia, de poeta triste, desperdiçando discurso amoroso com pessoas que não amo, com amigos que não entendem, não dou pra ficar só realmente e devo me conformar de ser o que sou, alguém teria que ser diz alguma frase.
Não espero mais os fins de semana, é tudo mais cinza e como não sou fã de auto ajuda o consolo demora,mas creio que tudo isso nada explica ou é confuso demais, só eu entenderia ou quem sabe aquela menina explicaria aos terceiros. É comparável aos risos que só nós sabíamos o motivo, não devo mais sentir isso, mas não se deve mais fazer muita coisa que hoje faço.
Vivo apenas,insone,a única força:não ligar, mérito nenhum em estar de pé, é que não tenho escolha.




PENSAMENTO CONSEQUENTE : Ele encarava o batente, o bandido, a luta, o luto, o desafio que fosse, mas era incapaz de encará-la e dizer o quanto a amava com o seu melhor amor.


retirado do blog:  http://fragmentosdeumdiscursoamoroso.zip.net/

Um comentário:

  1. "e eu aqui brincando de casa vazia, de poeta triste, desperdiçando discurso amoroso com pessoas que não amo, "

    Perfeito!

    O texto é ÓTIMO. Retrata de fato um sentimento real. E é sempre assim. Os amores que mais nos "machucam" são os que mais nos fazem amar. Até que um dia por um AMOR MAIOR a gente tenta ser feliz. Gostei.

    Tô seguindo também.

    Bjo

    ResponderExcluir

PENSARAM MAL E COMENTARAM