Eu lembro ainda de toda as suas expressões. Me explicando o porquê do fim, me pedindo para procurar a felicidade e que essa não teria estando ao seu lado.
Senti os olhos encherem de água, mas claro que não poderia chorar ali, não naquele momento; era um duelo de quem seria mais forte embora eu já tenha entrado derrotado quando ela me negou o abraço.
A falta de gestos sempre foi meu ponto fraco, não poderia explicar essa carência excessiva,e quando ela chegou em casa, expressão fechada, ombros baixos, eu já sabia o que estava por vir, já tinha acontecido o fim antes, mas agora seria realmente o fim.
Não pude prestar atenção em tudo que ela disse, a palavra "acabou" ficou se repetindo no vácuo,pontadas agudas no peito me fizeram torcer a boca por uma fração de segundo mas mantive o olhar firme. Ela mexia a boca para os lados e olhava para o chão, como se quisesse que eu a perdoasse pela falta de emoção. Não via remorso, pena, amor, nem ódio em seu olhar, eu não enxerguei nada, apenas uma indiferença brutal e quase cruel.
Eu argumentei, como se eu acreditasse que há motivos para alguém deixar alguém a não ser o fato de não gostar mais.Sempre tive na cabeça que quem ama não deixa, apesar da chuva, quem ama quer se molhar (mais um cliché para coleção).
Ela se foi e não olhou para trás,estranho, nos filmes elas sempre olham. A medida que a distância a tornava um esboço na rua movimentada, a tarde ficava mais cinza, eu sabia que o aperto no peito ia durar e que muitas ligações desesperadas seriam feitas. Na hora eu não entendia que ela tomava uma decisão em pró de sua própria felicidade e que nessas horas não há o que se pensar, alguém vai ter que se magoar, mas eu me nego toda essa maturidade, a ausência de um amor não compreende nada.
Se o tempo curou? Não, o tempo nem mesmo me ensinou algo, continuo o mesmo, rancoroso, as vezes divertido, as vezes magoado "cara que fala de amor"
Pensamentos consequentes do dia: Se o adeus demora a dor no coração se expande... (Oswaldo Montenegro)
"A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela." Manoel de Barros
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