sexta-feira, 8 de julho de 2011

TRÊS MINUTOS E MEIO (reedição)

ESTOU REEDITANDO UM TEXTO ANTIGO:




Vi uma  crônica do Ruy Castro no jornal falando sobre relatividade  do tempo.Também creio que o tempo corre diferente para cada um de nós em diferentes momentos, e como o próprio Ruy citou, imagino aqueles passageiros de um avião caindo, nos instantes de terror, cada um deles encontra sua noção de eternidade.Imagino então, qual a sua noção de eternidade?
   Nunca tive que perder nada do que gosto para tentar aproveitar o tempo. Se escuto uma boa música, para mim é como um ato de espírito, eu curto aquilo, eu toco minha guitarra imaginária, e  viajo na letra. Meus objetos...meus inúteis objetos, como gosto de saber que estão ali comigo, matando o tempo, sendo esmagados pelo tempo junto comigo.
  Mas nada como o amor para nos tirar totalmente a noção do tempo. Quando eu ouvi que nada era aquilo que eu imaginava, que eu devia seguir em frente...de repente as coisas pareciam flutuar, e eu entrava num pulsar diferente do relógio do mundo, algo ali se modificou e houve escombros e rachaduras em meus ponteiros, e sei que isso soa cafona. Quando se está junto queremos o impossível: que o tempo se renda a nós, simples almas humanas, mas o tempo curto tem muito valor, muitas vezes o limitado se torna infinito no passar dos instantes, e talvez seja mesmo melhor viver "dez anos a mil do que mil anos a dez".
  As vezes uma  conversa boa com um amigo, ecoa o dia inteiro dentro da gente. Creio que a coisa mais potente contra o passar rápido do tempo seja a dor; com ela tudo se vai vagarosamente, a saudade do amor, ou do pai que perde o filho, não meço e nem comparo, mas sei que a solidão devora as horas e não podemos colocar o foco no ponteiro dos relógios. Revivo alguns momentos como se tivessem ocorrido ontem e isso pode fazer rir ou chorar, talvez o mais saudável seja manter viva as lembranças, mas não tão perto para que não matemos o presente e percamos o momento.
  A vida é dura, e nunca é justa, pra ser mais enfático, não creio em justiça e injustiça na vida, tenho a impressão de que sempre o buraco é mais fundo e não compreendo nada, ainda mais sobre desígnios e acontecimentos, por mais assombrosos que sejam.
  Mas minha noção de eternidade é aproveitar cada manhã pra respirar fundo, pois isso que me sobra, o resto é nada, a vida é imensa e o tempo invencível, me recolho a condição medíococre de quem não quer mais matar o tempo, só vivê-lo, se bem que não há escolha, a gente segue, e segue....







PENSAMENTO CONSEQUENTE DO DIA:  Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminski

5 comentários:

  1. Aquiles,

    O tempo que dispensamos para coisas que gostamos (música, conversa, bar, cinema, silêncio) nos for prazeroso jamais será tempo perdido,

    Nunca,


    Um beijo

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  2. Que bonito texto Aquiles!
    Gostei mto da parte que diz que as vezes uma conversa com um amigo ressoa em nós o dia todo. E é bem assim mesmo. O tempo é relativo, e acho que o que nos resta é fazer bom uso dele, e tentar viver cada momento como se fosse o último.
    Mas a bem da verdade, a gente fala, mas nem sempre faz.
    Muito bonito mesmo, parabéns!
    Beijo

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  3. Aquiles,
    Tudo aquilo que nos completa, nos traz alegria e felicidade, não é tempo perdido. Bjkas com mutio carinho!

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  4. Adorei esse texto.
    Por um lado bom o tempo não pará, mas por outro lado ruim ele não pará também =|.

    Beju Grande!
    http://nathydorgas.blogspot.com/

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