sexta-feira, 10 de junho de 2011

ESCOMBROS

Tenho uma mania estúpida, embora não seja uma coisa muito peculiar só minha. Sempre estou remexendo escombros.
Sim, primeiro, durante o desmoronamento eu imploro por cada tijolo ainda de pé, nego a poeira que encobre a vista do outro,nego que a construção tenha perdido seus alicerces. Daí, o construtor se vai, e eu fico ali, as vezes vazio,as vezes com dor,depende do dia.
Mas nada pior mesmo do que voltar ao local da demolição e ficar procurando algo que tenha sobrado inteiro; ou melhor não encontrar aquele retrato precioso e ficar satisfeito achando que o outro levou por consideração.
Eu remexi hoje em meus íntimos escombros,  e só provoquei mais desmoronamentos, sentimentos alquebrados, redivivos, mas não mais o carinho de outrora, o amor que um dia nos fez grandes, e sim uma angústia letal da auto consciência,de saber que não há o que se fazer sobre o ocaso que alguém impôs.
Digo sem ressalvas que sofrer é um é um vício, tal qual como a busca pela felicidade,e sofro. Digo mais,sobre certas lembranças,mesmo as de passeios no parque, ou mãos dadas no domingo há um veneno mortal querendo dissolver o sonhador; não abro mão do meu egoísmo para me sentar numa pedra no alto e ver lá embaixo meu destruidor (antes amado) sorrindo leve com alguém. Eu como nervo exposto, me doou todo, e há muito parei de me negar assim, esse drama, essa dor toda.
Eu entro fundo em qualquer jogada, não consegui mudar para ser feliz, se for pra cair que eu me espatife no chão sendo eu mesmo, por que foi assim que eu vim, esse amor todo, esse medo em dobro, essa vontade louca de transformar o mundo em meu quintal....mas vem o tempo e o desamor e joga fora a utopia, a gente fica jogando amarelinha na rua vazia, pensando ser criança, fingindo que  na moldura quebrada não há nenhum sentido ou passado a se apegar, e claro que me importar assim não faz com que o telefone toque,ou o gesto se faça, se retome;  ligar para tudo isso anda me fazendo mal, mas minha incompetência para mudar me paralisa,e reviro o lado esquerdo do meu peito, sem admitir defeitos,  sem esquecer jamais, sem me lembrar que a vida continua,  que o novo pode vir.
Mas hoje não estou para auto-ajuda, hoje eu não estou nem pra mim. Enquanto colho restos , as pessoas se divertem,e eu também sei rir, ninguém suspeita do meu bom humor, ninguém suspeita que  meu riso branco e largo, que nesse rosto negro,nesse coração comum  amanhece um  eterno espanto, e só os bons amigo me viram aqui,mendigando atenção, chorando sobre os entulhos da construção



PENSAMENTO CONSEQUENTE:  "As vezes é melhor se esconder/
mas como então viver e aprender sem se machucar?"  (BANDA CATEDRAL)

4 comentários:

  1. Coomo qe faz pra pegar um selo heein?!?!
    Ótimo texto! :p

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  2. "Eu entro fundo em qualquer jogada, não consegui mudar para ser feliz, se for pra cair que eu me espatife no chão sendo eu mesmo, por que foi assim que eu vim, esse amor todo",...

    Eu também! Só que o coração de tanto ser joão bobo aprendeu, ele não vai mais se dar por inteiro. Não, até ter certeza que é PRIORIDADE na outra vida e não opção.

    Muuuuuito bom! Gostei mesmo! :D

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  3. Parabéns, ótimo texto. Aprendi algo com a física quantica...ontem já não existe, se dissolveu, nem eu sou a mesma de ontem, sou nova agora, me refaço a cada segundo, tento refazer melhor, as vezes, muitas alías, não gosto do que brefiz, mas já sou outra nesse próximo segundo, bjs.

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