Você entendia o final dos meus filmes e eu até que gostava de ouvir aquelas musicas cheias de experimentalismos e conceitos; com você e esse tipo de coisa nos unia: se sentir estranhos ao mundo, não encaixados no lugar mas acho que isso ainda não era amor.
Nossos santos nunca bateram, eu odeio cigarro e você adora fumar e faz pose, vejo que se sente como alguma atriz do cinema preto e branco. Eu prefiro Caetano e você ama o Chico.
Você ficava limpando aquelas lágrimas de quando eu bocejava e me sorria e me desarmava de tudo porque no fundo você sabia que eu era avesso a grandes escândalos amorosos e dobrava os joelhos em coisas simples e pequenos gestos e isso era maldade por que aí você abusava demais e sorria e sorria.
Seus lábios ora hesitantes ora afoitos me tragavam, me sugavam, e no sexo nos completávamos, eu gozava interminavelmente sentindo seu prazer e você gostava daquilo, eu ficava satisfeito em te ver satisfeita por ter me satisfazido mas ainda acho que não chegou a ser amor.
Quando você decidiu ir embora eu toquei seu braço e depois toquei meu barco em frente, ele foi flutuando em águas turbulentas, acho que eu não quis mais ver nenhum filme nonsense de algum diretor super-estimado e nem expliquei nenhuma letra de música a ninguém, essas coisas tinham mais graça com você.
Nós dois sempre fomos um casal de revista em quadrinhos,reviravoltas surpreendentes, terceiras pessoas atrapalhando e pudemos dizer que tivemos nossos vilões e que nos amamos e contamos histórias aos amigos falando do quanto foi divertido mas nós dois sabemos que não era amor, talvez uma forte ligação de amizade e sexo. Como eu amava estar entre suas pernas e na sala tocava "sexual healing", e você fechava os olhos "
"And when I get that feeling I want Sexual Healing".
Acho que fui malhar, fui conhecer uma porção de vagabundas por aí, tudo que antes eu não gostava e você continuou lendo e se intelectualizando enquanto eu prostituí minha escrita e vendia poemas escrotos para sites obscuros a preço de banana. Não me sinto culpado, cada qual vai num caminhozinho besta que escolhe ou como você preferia dizer "um caminho guiado por uma força maior" .
Mas o pior de tudo é que eu sinto falta desse "não amor", das tardes de domingo transando em frente ao programa do Faustão ou no cinema te irritando com alguma explicação absurda para um filme em que só nós vemos significado aparente.
Sabotei minha própria esperança de ser feliz para sempre quando deixei de buscar essas coisinhas minúsculas que fazem a gente mais alegre como ver um curta metragem feito de massinha de modelar e achar aquilo o máximo, ando numa maré complicada, mar profundo, explicações pra tudo e todos e muita discussão intelectual inútil e me dá saudade de você as vezes, não por ter sido amor mas por ter sido leve e ter pouco doído, isso em mim foi raro na vida, homem que parece um nervo exposto.
Mas hoje quem eu sou eu pra te querer, se te trouxesse aqui e admitisse alguma sombra de sentimento seria o fim, porque fomos felizes em não dizer nada e nem prometer.
Acho ainda que você parece garota de filme e eu fico na minha vida inventada, vivendo o que chamo de amor mas bem longe da satisfação que um dia eu tive com nosso não amor.
Agora quem vem se entregar aos meus cuidados e se lambuzar de um prato cheio de luxúria, beijos e risos na tarde? Ah, eu perdi muito tempo com coisas inúteis e sempre soube disso, útil era ficar sentindo você ofegante com o corpo suado sobre o meu, não que aquilo fosse amor mas era bom e ao contrário de muitas mulheres ter você não era má sorte.
Num mundo ideal você seria pra sempre minha dividindo a felicidade de jamais ser de canto nenhum mas todo esse nonsense é só mais uma das minhas versões do amor que eu vou gravando na carne.
Mas hoje quem eu sou eu pra te querer, se te trouxesse aqui e admitisse alguma sombra de sentimento seria o fim, porque fomos felizes em não dizer nada e nem prometer.
Acho ainda que você parece garota de filme e eu fico na minha vida inventada, vivendo o que chamo de amor mas bem longe da satisfação que um dia eu tive com nosso não amor.
Agora quem vem se entregar aos meus cuidados e se lambuzar de um prato cheio de luxúria, beijos e risos na tarde? Ah, eu perdi muito tempo com coisas inúteis e sempre soube disso, útil era ficar sentindo você ofegante com o corpo suado sobre o meu, não que aquilo fosse amor mas era bom e ao contrário de muitas mulheres ter você não era má sorte.
Num mundo ideal você seria pra sempre minha dividindo a felicidade de jamais ser de canto nenhum mas todo esse nonsense é só mais uma das minhas versões do amor que eu vou gravando na carne.
PENSAMENTO CONSEQUENTE: O céu está abrindo aos poucos. E eu preferiria que continuasse da cor que você mais gosta.A falta de intimidade, vivo até hoje uma dor que ninguém autoriza. Vivo nela o estranhamento.
Pois quem não estava lá não tem o direito de invadir uma dor familiar.(Ana. C)
Pois quem não estava lá não tem o direito de invadir uma dor familiar.(Ana. C)