quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A CHUVA ( Adapte-me a uma cama boa.)

Abri as janelas metálicas e espiei lá fora
as nuvens pesadas, a chuva forte.
Fechei as janelas e aquele barulho gostoso da janela acariciada pelas águas do céu


Sentei na mesa , tomei um gole de chá, entrei novamente no quarto
e a chuva cada vez mais deliciosa lá fora
realidade gostosa é essa:  
corpo semi-nu esparramado na minha cama,meio sorriso nos lábios, cabelo no rosto
seios ainda apontando o orgasmo recente.
Deito, enrosco nossos braços, respiro meu ar quente em seu pescoço e adormeço
A chuva cada vez mais gostosa lá fora
mais forte.





PENSAMENTO CONSEQUENTE:  A sorte de um cobertor,aspirinas e amor...depois nossa mordida no pão (TRANSMISSOR)


MAIS UM :  Você me provoca achando que não há perigo. Sem conhecer a força da minha mordida, o tamanho dos caninos. Você me provoca sem esperar a picada. - Caio F Abreu




E ERA TANTO CORPO QUE SÓ PODIA SER COISA DE ESPÍRITO






ps: adapte me a uma cama boa la em cima sampleado de CAETANO VELOSO  e usado como sub titulo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O INUTIL EXERCÍCIO DO DESAPEGO (reedição)


As vezes eu me pego nessas tardes preguiçosas, em que raramente tenho algo mais útil a fazer, olhando aquela foto, que inclusive eu devia ter rasgado.
Mas mais que esse retrato, o que me comove  é aquele anel prateado guardado na caixinha. Há tempos não olho para ele, mas vendo a caixinha ali naquela cesta de Páscoa presente de um domingo alegre, me confronto com o pior de mim: Incapacidade total de me desapegar do passado.
Imagino naquela aliança todas as coisas prometidas, aquelas promessas que usamos para prender quem já acena para outro horizonte. Símbolo de tudo que um dia foi expectativa e felicidade agora me pego apático, (não triste), para aquela jóia que hoje é ausente de significado, de sentido, está ali apenas para me lembrar que algo aqui ainda não morreu, está ali para tornar as tardes mais irremediáveis e vazias.
Há algum tempo eu penso em me desfazer destas coisas que me aprisionam num tempo que se foi, mas não sei se me faria bem, tenho medo de com isso perder ainda mais pedaços do que os que deixaram para trás quando perdi a outra metade da aliança...esse nome aliança, não faço imagem na cabeça de algo chamado aliança sozinho, ali num canto da casa esquecido, na espera  vã de quem partiu  sem olhar para trás e sem arrependimento.
O que mata é saber o quanto o outro é corajoso, deixar tudo de lado assim, sem choro, nem vela, mas é assim mesmo, o fim do amor é escuro e não mostra luz alguma, o jeito mesmo é que um dia acordamos e embora os restos da depressão estejam impregnados na casa a gente v ê que  consegue acenar sozinhos, para algum lugar, nem que seja para nossos amigos vazios, nem que seja para nós mesmos.
Não resisto, abro aquela caixinha, espantado percebo meu receio em amassá-la, ainda há carinho, sei que esse tipo de gesto faz para sofrer, eu gosto, talvez seja meu vício, querer ser assim, achar bonito essa solidão, esses dramas, que me perdoe as feministas, não é coisa que homem deve fazer, há de se ter certa segurança, nada lágrimas, que mulher gosta disso?
Mas não dá pra matar essa sentimentalidade tola, fingir me faria rir menos ainda, pois deixar de ser quem sou eu já tentei e não foi minha salvação.
Deixarei aqui tudo que faz dessas tardes, tardes tristes mas um dia há de vir meu sorriso com alguém que virá sem pretensões me trazer a cura e nenhum objeto possuirei mais em vão, pois já possuo em vão tantas coisas nessa vida, e percebi agora que o tempo não vai levar pra longe nada do meu peito, nem uma tempestade vai varrer do mapa os objetos que você esqueceu, e agora mais que nunca aceito essa condição, de romântico inveterado, de pervertido sem solução, e não deixo mais de amar a vida, e quem me quiser assim que venha.

Abro a porta, o céu está alaranjado, e o clichê como sempre...meu parceiro, saio, fecho a porta
Sem trancar...


PENSAMENTO CONSEQUENTE:  E para cultivar o desapego é preciso o primeiro passo, a primeira reza e o último beijo...É preciso fechar os olhos e parar de sentir com o coração.


CAMILA CUSTÓDIO

sábado, 12 de novembro de 2011

Ah essas mulheres

Não sei
Ela tem um jeito de gozar que a faz brilhar,
E não tem moral nenhuma como eu
Não tem pudor e não respeita meu descanso,
Eu que não tenho vergonha na cara, me delicio
Me acabo, me refaço na cama, no sofá
Em cima da mesa, antes e depois do café
Se isso vai dar pé?
Nem quero saber, dentro dela encontro a eternidade
Me sinto mais homem e ela mais mulher
E ela geme
As vezes poesia, as vezes prosa
As vezes nem é nada,  são só ruídos animais
São apenas dois corpos querendo mais e mais
Sem fita, só fatos
Com o sol sempre brilhando lá fora
Ou a chuva sempre caindo
O que quiser
O que for melhor
Para nos acabarmos de paixão nessa história de tantos atos
Nem ligo das mentiras que hajam aqui
Nem quero saber, acho que quero essa coisa bandida
Essa coisa furtiva, fluído e corpos suados e melados de saliva
Porque eu gosto de mandar coisas em você
E você parece adorar obedecer, eu não ligo
De você não ter pudor ou moral como eu



PENSAMENTO CONSEQUENTE:    Uma mulher perdoará um homem por tentar seduzi-la, mas não o homem que perde essa oportunidade quando ela lhe é oferecida.
Charles Talleyrand-Périgord

domingo, 6 de novembro de 2011

MALICIA

Ele vai até entender de ficar só, mas não aceitar, sai na rua com sua melhor roupa, pega carona e vai longe. Esse coração marcado esquece um pouco o peso de tantas coisas sem valor que no passado te deformaram e acredita dessa vez que tudo pode dar certo. Este otimismo bobo sem sentido não mora mais nele, tremendo realista: mas a realidade também pode ser boa por isso ele vai além, e traz a moça na cabeça, passa o dia com ela, e não a sufoca, é saudável pois ele quer que finalmente amar seja sinonimo de paz...ingenuidade vão dizer, mas ele já cansou de tanta malícia vazia e a única malícia que ele quer é o sorriso dela em sua cama na cumplicidade do ato cometido, como um crime para os incrédulos




PENSAMENTO CONSEQUENTE:  Ele tinha um olhar forte mas que de repente fugia
curiosidade de tudo e eu tinha
aquele olhar das meninas, o encanto
a malícia, a avidez e nenhuma disciplina